O PÚBLICO EM "TEOLOGIA PÚBLICA"

Resenha: ZABATIERO, Júlio Paulo Tavares. O público em “teologia pública”. Estudos Teológicos, São Leopoldo, v. 53, n. 1. p. 74-88.


O autor é doutor em teologia e, na época em que o artigo foi escrito, era coordenador do Mestrado em Ciências das Religiões da Faculdade Unida de Vitória/ES - Brasil. A proposta do artigo é discutir o sentido da palavra público e como ela tem sido usada pelo campo da teologia que busca compreender o caráter público da mesma, que é a teologia pública. O artigo se estrutura da seguinte forma, num primeiro momento retoma-se a discussão que tem sido empreendida pelos especialistas sobre a questão do que é público; seguidamente apresenta-se as razões das ambiguidades que o termo público tomou e; por fim, apresenta a contribuição de quatro filósofos para a compreensão do que é público.

O processo de modernização e de secularização das sociedades do Ocidente levaram a diferenciação das esferas sociais, de sorte que coisas como a cultura, economia, política, cultura, religião, personalidade, sociabilidade, etc., foram, paulatinamente, se desacoplando e especializando. Neste processo de especialização e diferenciação a religião cristã, no Ocidente, foi perdendo seu espaço de ação na sociedade e passou a ser relegada à esfera privada. Portanto, pode-se dizer, que religião tornou-se coisa doméstica. Neste processo, a possibilidade de compreensão do mundo, da sociedade e da vida se tornou mais difícil e complexo pelo fato de que, agora com as especializações, as compreensões serem pontuais e não mais abarcarem o todo. Portanto, do intento de transcender particularidades e compreender que o mundo, a vida e as sociedades humanas transcendem cada faceta representada pelas especializações, é que a ideia de esfera pública emerge. Entretanto, a esfera pública é o espaço onde as compreensões particulares, privadas e especializadas interagem comunicativamente buscando a compreensão integral do mundo da vida na sua plenitude. É na esfera pública, portanto, que o diálogo é possível, que as diferenças são afirmadas e defendidas, que a religião, outrora afastada dos debates públicos, pode expressar sua compreensão do mundo a partir de suas experiências de fé. 

Por: Miguel da Piedade Satjyambula 

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