O PAPEL DA EDUCAÇÃO EM PAULO FREIRE, FLORESTAN FERNANDES E ANTONIO GRAMSCI: notas introdutórias.


Tanto Paulo Freire, na Carta Aberta aos Professores e, Florestan Fernandes com a sua Sociologia Crítica, quanto Gramsci com o conceito de Intelectual orgânico, sugerem, ainda que cada um a seu jeito, a necessidade do professor, na sua prática docente, assumir a postura “maiêutica”.

Mas em que consiste esta postura? A maiêutica é, basicamente, um método desenvolvido por Sócrates que consistia no ato de realização de perguntas para que o sujeito, por meio de tais perguntas, chegasse ao esclarecimento da(s) verdade(s). É neste ínterim que a sociologia crítica chama nossa atenção, isto é, na necessidade do professor, no ato de sua prática docente, fornecer aos alunos elementos que os ajudem a desenvolver e a elaborar uma compreensão sobre seus ambientes vivenciais, mas esta percepção não é dada pelo professor à priori, os alunos já dispõem dela, porém, sua forma de expressão e compreensão não é bem elaborada, por isso, a necessidade de uma postura maiêutica por parte do professor no seu labor diário.

Libertar! Talvez seja a palavra chave para entender a proposta dos três teóricos acima citados. Freire defende a idéia de que a educação não pode se apresentar de forma distante da vivência dos alunos, e do professor também. Há a necessidade de a educação emergir da comunidade onde está inserida e materializar seus resultados em benefício da comunidade. Assim, a dualidade espacial (comunidade versus escola) deve ser superada, mas não só esta, mas toda e qualquer dualidade no processo de ensino e aprendizagem deve ser dissipado. Freire chama ainda nossa atenção à necessidade, desde cedo, de fazer co-existir e co-relacionar a prática da leitura e da escrita no processo de ensino e aprendizagem. Pois, feito isso, a escola estará formando sujeitos capazes de se tornarem conscientes de si, do mundo, e, portanto, sujeitos livres de quaisquer opressões das classes opressoras.

O Intelectual Orgânico, para Gramsci, é aquele que está ligado às causas da sua classe social e, atua como seu porta-voz. Isto é, denuncia os abusos das classes opressores (leia-se hegemônicas) e anuncia ou torna audível a voz dos oprimidos.

Destarte, a relação entre os três autores é possível estabelecer a partir da ideia da necessidade de engajamento por parte do professor com a(s) comunidade(s), representada(s) pelo(s) aluno(s), no intuito de libertá-las da opressão das classes dominantes. Dando-lhes elementos suficientes para entenderem a sociedade em que estão inseridos, para que, uma vez apreendido, se libertem.


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